PROJETO PEDAGÓGICO DA ESCOLA QUILOMBOLA RURAL DE
LAGE DOS NEGROS
PREFEITA
Rosângela Maria Monteiro de Menezes
SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO
Anizete Regina de Carvalho Laborda
DIRETOR:
Rodrigo Vicente da Silva
COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA
Iracema Amelia dos Santos
Apresentação
O presente documento apresentado foi elaborado com
a finalidade de organizar a administração e democratizar as decisões da Escola
Quilombola Rural de Lage dos Negros. O mesmo permite o diagnóstico dos
problemas do presente e a decisão sobre as possíveis soluções que mudarão o
futuro.
A Escolar Quilombola Rural de Lage dos Negros tem
sua estrutura administrativa, didático-pedagógica e disciplinar definidas nesse
Projeto Político Pedagógico.
A Escolar Quilombola Rural de Lage dos Negros tem
como Entidade Mantenedora, a Prefeitura Municipal de Campo Formoso, Estado da
Bahia que, entre outras competências, destaca-se a de realizar concurso público
e contratar todo o seu quadro de pessoal, conforme legislação vigente.
Quadro de
funcionários da Unidade Escolar do Campo
Diretor:
Rodrigo Vicente da Silva
Coordenador Pedagógico:
Iracema Amelia dos Santos
Auxiliares Administrativos:
Elionaide Gonçalves Barros
Irailde de Jesus Santos
Irailde de Jesus Santos
Odeilton Osvaldo do Nascimento (Afastado por problemas de saúde)
Professores:
Antônia
Araújo de Souza
Dilma
Rodrigues dos Santos (Em Licença Prêmio)
Givalda Bispo do Nascimento
Givalda Bispo do Nascimento
Girlene de
Jesus Bispo
Ivana Vieira de Sales
Julia dos Santos Nascimento
Maiana da Silva Carvalho
Ivana Vieira de Sales
Julia dos Santos Nascimento
Maiana da Silva Carvalho
Maisa Melo
Vieira Caetano
Marly Rosa
de Jesus
Railde Reis Celestino
Socorro de Sales Gama Celestino
Railde Reis Celestino
Socorro de Sales Gama Celestino
Auxiliar de
Professor / Cuidadora
Adma Raiane
de Souza Araújo
Adivânia Cândia da Gama
Adivânia Cândia da Gama
Alice Araújo Costa
Flávia Araújo Costa
Flávia Araújo Costa
Jossevane da Silva Gomes
Laurenice de Jesus Santos
Maisa Sales dos Santos
Maristela Nascimento Celestino
Marleide Nascimento Celestino
Tatiane da Gama
Auxiliar de Serviços Gerais / Merendeiras:
Ana Cleide de Carvalho
Célia Maria Viana Nascimento
Edilson João da Silva
Janira Silvestre dos Santos
Lucivalda da Gama dos Santos
Maria Aparecida Celestino dos Santos
Marlete Maria da Gama dos Santos
Zenilce de Jesus Nascimento
Vigias / Porteiros:
Bevaldo Acília da Gama
Jurandi de Jesus Santos
Marivaldo Nascimento Araújo
Paulino de Jesus Santos
A Escola Quilombola Rural de Lage dos Negros
trabalham com as seguintes Modalidades de Ensino:
ü Educação
Infantil: Grupo 2, Grupo 3, Grupo 4 e Grupo 5 anos.
ü Ensino
Fundamental: de 1º ao 3º anos
Atualmente a Escola Rural Quilombola de Lage dos
Negros possuem:
ü 38 alunos
no Grupo 3 anos
ü 50 alunos
no Grupo 4 anos
ü 41 alunos
no Grupo 5 anos
ü 42 alunos
no 1º Ano do Ensino Fundamental
ü 40 alunos
no 2º Ano do Ensino Fundamental
ü 60 alunos
no 3º Ano do Ensino Fundamental
Histórico da Escola Rural Quilombola de Lage dos
Negros
A Escola Quilombola Rural de Lage dos Negros possui
o código INEP 29.45675-4, fica situado no Povoado de Lage dos Negros, distante
90 km da sede do município de Campo Formoso. Ela foi construída no ano de 2011,
porém sua inauguração ocorreu no dia 19 de outubro de 2012 a escola recebe esse
nome, devido a mesma estar situada numa das maiores comunidades quilombola do
Brasil que ao mesmo tempo ser uma escola da Zona Rural.
A escola é composta por seis salas de aula, dois
banheiros amplos e adaptados para estudantes, alem de haver sanitários para
professores, funcionários da cozinha e vigias, em sua estrutura há também uma
cantina, uma sala para professores, uma sala para direção, sala de informática
e uma sala para leitura, mas estas estão sendo utilizadas como sala de aula,
devido a necessidade da escola. Ela funciona nos turnos matutino e vespertino,
possui uma área total de 25000 m² e 1.400m² de área construída atendendo 302
estudantes distribuídos desde a Educação Infantil ao 3° ano do Ensino
Fundamental possui ainda em seu quadro de funcionários possui um Diretor, uma
coordenadora pedagógica, dez professores, dez auxiliares de professores e/ou
cuidadoras, oito auxiliares de serviços educacionais, dois auxiliares de
secretaria e quatro vigias.
SITUAÇÃO ATUAL DAS ESCOLAS DO CAMPO E QUILOMBOLAS
No Brasil,
apesar de uma década de considerável melhoria no tocante ao acesso à
escolarização, em que 96% das crianças de 7 a 14 anos estão matriculadas, ainda
permanecem os problemas da baixa qualidade e eficiência dos sistemas de ensino.
Nesta perspectiva, uma das restrições para o alcance da universalização com
qualidade e o aumento dos índices de conclusão do ensino fundamental
encontra-se relacionada à efetividade da educação presente no meio rural
brasileiro (Bof, 2006).
Um meio
rural que, segundo os dados divulgados pela Fundação Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), tem uma população residente de aproximadamente
32 milhões de brasileiros. Ou seja, que apesar da intensa urbanização ocorrida
nas últimas décadas, cerca de um quinto da população do nosso país encontra-se
vivendo no meio rural.
Todavia, o nível de instrução e o acesso à educação dessa população são
importantes indicadores da realidade educacional presente no meio rural do
Brasil. Os dados do IBGE, sistematizados no trabalho intitulado Panorama
da Educação do Campo (Bof, 2006), mostram que a escolaridade média da
população de 15 anos ou mais que vive no meio rural brasileiro, de 3,4 anos,
corresponde à quase metade da estimada para a população urbana, que é de 7,0
anos. Se os índices de analfabetismo do Brasil são bastante elevados, no meio
rural esses indicadores são ainda mais preocupantes. Segundo o IBGE, 29,8% da
população adulta – 15 anos ou mais -, que vive no meio rural é analfabeta,
enquanto no meio urbano essa taxa é de 10,3%. É importante ressaltar que a taxa
de analfabetismo aqui considerada não inclui os analfabetos funcionais, ou
seja, aquela população com menos de quatro séries do ensino fundamental. Outros
dados revelam, ainda, que no meio rural brasileiro, 6% das crianças, de 7 a 14
anos, encontram-se fora dos bancos escolares; que apesar de 65,3% dos jovens,
de 15 a 18 anos, estarem matriculados, 85% deles apresentam defasagem de
idade-série, o que indica que eles ainda permanecem no ensino fundamental; que
somente 2% dos jovens que moram no campo frequentam o ensino médio.
Esses são
alguns dos indicadores que demonstram a histórica negação à população que vive
no meio rural brasileiro do direito de acesso e de permanência na escola.
Diante dessa realidade, o Município de Campo Formoso se encontra no quadro de
mudança, já que nos anos anteriores vivia-se um quadro de precariedade no
funcionamento da escola rural em relação aos elementos humanos disponíveis para
o trabalho pedagógico, a infraestrutura e os espaços físicos adequados, a má
distribuição geográfica das escolas, a falta de condição de trabalho de
formação específica para atuação no meio rural, entre outros fatores.
Além dessas
questões de escassez, infraestrutura e pessoal favorecem extremamente esse
quadro sócio-educacional existente o tipo de educação oferecida pelas escolas à
população quilombola rural. Uma educação em que predomina uma concepção
unilateral da relação cidade-campo, com a difusão de valores, conhecimentos e
atitudes distantes do modo de vida e da cultura da população do meio rural e
que tem sido muito mais um instrumento de estímulo ao êxodo e à evasão de
muitos jovens para o meio urbano. Uma educação e uma escola que, desrespeitando
a realidade onde está inserida, destrói a autoestima dos camponeses e não se
coloca ao serviço de seu crescimento.
Aliás, essa é uma tendência que tem se agravado nos
últimos anos com a política educacional vigente, denominada nucleação, que, sob
alegação de que as escolas não só em áreas quilombolas mas, também as escolas
rurais são mais onerosas, têm estimulado as crianças e os jovens a realizarem
os estudos no meio urbano. Surgem daí iniciativas da prefeitura que, visando
reduzir os custos (com material humano, didático e transporte), deslocam os
alunos para os centros urbanos, em trajetos de muitas horas de viagem e em
condições e estradas precárias. E, para acirrar ainda mais essa situação, nas
escolas do meio urbano os alunos são colocados ou em salas distintas, “sala da
roça” ou “escola isolada”, reforçando assim a dicotomia rural-urbana; e quando
colocados em uma mesma sala, onde são considerados atrasados pelos colegas do
meio urbano, passam a assumir valores diferentes dos seus para serem
considerados modernos (Silva, 2003).
“A alegria
não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo da busca. E
ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e da
alegria”.Paulo Freire
A Educação no Campo é centrada no atendimento
pedagógico com o objetivo de atender as necessidades locais, socializar
conhecimento a pessoas que tem dificuldades em se deslocar da Comunidade
para a Cidade. Essa Educação é voltada pra designar a ligação dos seres
humanos com a produção das condições de existência social na relação com a
terra e o meio ambiente, atendendo assim as necessidades do povo do campo
(filhos de agricultores, quilombolas, ribeirinhos, assentados, agricultores
familiares).
A percepção que se tem hoje da educação no campo é
bem diferente da que tínhamos há alguns anos leva à compreensão da vida no
campo cercada de fantasias, abundância, encantos, familiares. Entretanto, a
realidade brasileira e particularmente a da região cacaueira tem se mostrado
bem diferente: a agricultura e pecuária para poucos, baixo de poder aquisitivo,
sistemas de saúde, dentre outros problemas, que trazem dificuldade de acesso,
estrutura das salas, conteúdos e métodos.
Diante disso, a educação deve voltar-se a
interesses da comunidade que mediante à realidade social encontre no processo
educativo um grande aliado, havendo a necessidade de basear-se em
questões que interessem ao próprio indivíduo das comunidade Quilombolas Campo:
defesa do meio ambiente, tecnologias agrícolas, novas máquinas,
exercício político e cidadania. Esta estrutura deve respeitar os
hábitos tradicionais da comunidade quilombola, as diferenças regionais,
como os horários, a valorização do mundo negro e rural, a metodologia do ensino
e um calendário que respeite o ciclo da agricultura.
Para isto, pode-se enfatizar alguns fundamentos:
Sociedade
A educação quilombola do campo em sua prática
efetiva precisa otimizar quais são os direitos e deveres dos cidadãos
quilombolas rurais, tornando-os sujeito sociais, conscientes de seus direitos,
oportunizando intervenções na realidade em dimensões diversificadas pela forma
consciente de observar, interpretar, reinterpretar e agir frente à
realidade cotidiana, o homem negro do campo é estigmatizado como intelectualmente
atrasado e responsável, mas paradoxalmente é responsável por sucessivos
superávits da balança comercial. Na visão de Paulo Freire, toda ação educativa
deve ser antes de tudo uma ação cultural que se inicia pela descoberta de uma
racionalidade instrumental como condicionamento de libertação das estruturas de
dominação, levando as pessoas à crítica e ao desejo de mudanças.
As questões referem-se a temas atuais que tenham
relevância para a compreensão da sociedade, contribuindo para a reflexão do
aluno sobre contexto histórico em que vive. O aluno que se vê convidado a
refletir sobre o mundo que o cerca sente que não está respondendo a uma questão
apenas porque o professor quer assim, uma realidade da qual ele próprio faz
parte, mas que age como um cidadão consciente do seu papel transformador do
meio em que vive. Compreendendo acima de tudo, que a sociedade é formada por
todos nós e que todas as mudanças para uma sociedade mais justa depende da
participação ativa de cada cidadão. Assim, os alunos da escola quilombola do
campo, devem ser incluídos numa educação pautada na participação, princípio
básico da democracia.
Homem
No entender de Freire toda ação educativa deverá
ser precedida por uma reflexão sobre o homem e uma análise de seu meio de vida.
Coerente com esta posição ele inicia seus escritos por uma reflexão sobre o
homem e sua relação com o outro. Preocupado em responder à questão “Quem é o
homem?” ele aponta elementos interessantes de resposta, entre eles, que esta é
uma questão existencial e ao mesmo tempo concreta porque tem relações profundas
com o processo de desumanização desencadeado por realidades históricas e
resultado da opressão do homem pelo próprio homem.
Como ser em si mesmo o homem é um sujeito de
relações. A palavra existir já contém em si mesmo a ideia de comunicação, de
poder de transcendência, de discernimento, de nuances de julgamento crítico.
Ele é, então, capaz de tomar distância, de objetivar o mundo e objetivar a si
mesmo através do ato de conhecer.
Pelo ato de conhecer o homem pode criar sua
consciência de mundo, construir sentidos significações e símbolos. Tendo como
característica a ação-reflexão, o ato de conhecer permite ao homem tomar
consciência de sua qualidade de sujeito. Ao tomar consciência de si mesmo ele
estabelece uma relação dialética entre sua liberdade e os problemas que a
limitam. Assim seu papel não pode ser resumido à passividade, à uma intervenção
acidental e incompleta com o mundo. Não se reduzindo tão somente a uma das
dimensões de que participa - a natural e a cultural - a primeira pelo seu
aspecto biológico, a segunda pelo seu aspecto criador, o homem pode ser
eminentemente interferidor. Sua ingerência, senão quando distorcida e
acidentalmente, não lhe permite ser um simples espectador, a quem não fosse
lícito interferir sobre a realidade para modificá-la.
O cidadão negro quilombola do campo reconhecido
gerador de riquezas deste país, assim, o processo de qualificação e formação
deve estar articulado com um amplo processo de Educação Integral que pense o
indivíduo, sua família e sua comunidade. Não há desenvolvimento individual sem
que esteja ancorado em um desenvolvimento coletivo, levando em consideração as
suas raízes culturais.
Educação
A educação tem se constituído como um instrumento
relevante na sociedade brasileira e às vezes tem sido definida por concepções
de educação que no processo histórico tem enviesado para caminhos de natureza
cartesiana, pragmática, reprodutivista, críticar e produtivista, ou
simplesmente crítica, libertadora, liberal, neoliberal, pós-moderna, enfim; uma
educação que se desenvolveu acompanhando a trajetória histórica e trouxe
avanços à sociedade brasileira principalmente na área da pesquisa, responsável
pela inovação tecnológica também para a zona rural. No campo inovaram: no maquinário,
no aumento da produção de grão, nos agrotóxicos, alteração dos genes das
sementes para exportação em larga escala. Mas os que têm usufruído desses
avanços são pequenos grupos de latifundiários, empresários, banqueiros e
políticos nacionais e internacionais. Enquanto a outros é negado o acesso a
terra para sobreviver e garantir o sustento de outros brasileiros.
Em 2012, foi aprovada a Resolução CNE/CEB Nº. 08 de
20 de novembro; as Define Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
Escolar Quilombola na Educação Básica; consolida um importante marco para a
história da educação brasileira e em especial para a educação do campo. Todavia
a lentidão faz com que as políticas de direitos não alcance proporções
significativas e se efetivem concretamente na escola do campo de toda sociedade
brasileira.
Para a realização de uma educação democrática e
participativa nas escolas quilombola do campo é necessário propostas
pedagógicas que valorizem, na organização do ensino, a diversidade cultural e
os processos de interação e transformação do campo, a gestão democrática, o
acesso ao avanço cientifico e tecnológico.
Escola
Os alunos quilombola do meio rural podem aprender à
sua maneira, ou seja, o currículo vivo do seu cotidiano constroem a identidade
de uma escola que lhes acolha. Estes, podem ir a uma escola não mais estranha
ao seu cotidiano, ali eles se identificam, dialogam, conhecem e se conhecem,
inclusive como grupo. Tal identificação é pertinente para a organização
comunitária que sabendo quem é, também saberá o que quer. Um grupo que
tem a voz de suas reivindicações estará apto a assumir sua autonomia.
Esta escola nova, inserida no campo, pode estar num
ambiente seco ou chuvoso, caatinga ou litoral, urbano ou rural, não importa,
ela ensina. No caso das comunidades rurais é interessante notar sua dependência
mais direta com as reações da natureza. A educação ambiental não pode ser de
forma alguma sectária de uma única área de conhecimento.
Diante desta escola, podemos desenvolver
algumas ações para que a escola do campo possa dar certo:
•
Aproximação do ensino com a realidade das crianças.
• Valorização dos saberes dos ancestrais.
• Uso de espaços alternativos de ensino, como as plantações locais.
• Aprofundamento dos conhecimentos, relacionando-os com os produzidos fora do contexto rural.
• Abertura da escola para a participação ativa da comunidade.
• Contato com outras escolas quilombolas e rurais para a troca de experiências.
• Valorização dos saberes dos ancestrais.
• Uso de espaços alternativos de ensino, como as plantações locais.
• Aprofundamento dos conhecimentos, relacionando-os com os produzidos fora do contexto rural.
• Abertura da escola para a participação ativa da comunidade.
• Contato com outras escolas quilombolas e rurais para a troca de experiências.
• Promover a
valorização do negro ontem e hoje.
Conhecimento
De modo concreto, não podemos pensar que a
construção do conhecimento é entendida como individual. O conhecimento é
produto da atividade e do conhecimento humano marcado social e culturalmente. O
papel do professor consiste em agir com intermediário entre os conteúdos da
aprendizagem e a atividade construtiva para assimilação.
Os conhecimentos contidos nos livros são muito
importantes, porém ter apenas estes saberes e não estar antenado com a
realidade do seu mundo, sabendo das necessidades e ocorrências do seu país, sua
cidade, seu bairro e ainda de sua rua é pensar errado.
Ensino e aprendizagem
O objetivo do ensino aprendizagem das escolas
quilombolas do campo é valorizar a diversidade e troca de vivências, procurando
melhorar nas escolas municipais do campo as classes multisseriadas, a partir da
capacitação de professores e estímulo ao conhecimento dos alunos. Os educadores
destas escolas devem conhecer e compartilhar a realidade da comunidade, com
aulas criativas e interativas, apoiadas por materiais didáticos e pedagógicos
diferenciados dos currículos das escolas localizadas nos centros urbanos. A
realidade da cidade não é a do campo. Hoje, existe um currículo diferenciado,
atento à diversidade.
O educador Paulo Freire mostra que ensinar não é
transmitir conhecimentos, mas criar as possibilidades para a produção do saber.
Ensinar exige muitos fatores, estes são citados de forma clara e conclusiva.
Ensinar exige respeito aos saberes do educando, o
facilitador segundo sugestão do autor deve discutir com os alunos a realidade
concreta a que se deve associar a disciplina, estabelecendo uma familiaridade
entre os saberes curriculares fundamentais e a experiência social de cada um
dos aprendizes.
Avaliação
Avaliação em classes multisseriadas–as escolas de
classes multisseriadas representam, para as crianças, ou a esperança de deixar
a vida de pobreza no campo, ou a possibilidade de permanecer, prosperar e
cultivar a própria terra. É importante compreender o que suas famílias buscam
na escola e que expectativas à escola, como única instituição pública local,
colocam para as famílias desses alunos, isto é, o seu papel social. Nesse caso,
o ensino e a avaliação terão, naturalmente, o caráter de inclusão social. Com
essa compreensão é que se podem selecionar os conteúdos e procedimentos
escolares que serão trabalhados, descobrindo o que é significativo para definir
os objetivos da avaliação e selecionar procedimentos e instrumentos mais
coerentes.
Muito se tem discutido sobre o cenário da avaliação
da aprendizagem nestes últimos anos. Avaliar é um ato que deve ser feito com
responsabilidade, ética e moral. A avaliação fundamentada em pressupostos
tradicionais e apenas quantitativos ainda é uma abordagem usual, contudo
devemos refletir sobre este cenário tendo em vista as novas demandas sociais.
Ainda neste contexto, vale pontuar que avaliar não deve ser somente medir, mas
perceber uma concepção filosófica política que este universo nos remete.
Deveríamos repensar os métodos avaliativos para que estes tenham seus limites
ultrapassados tendo em vista a introdução de novas tecnologias e de uma pós
modernidade educacional.
Observamos que refletir sobre o contexto da
avaliação no desempenho escolar assim como o cenário da educação na formação do
aluno como um indivíduo voltado para a cidadania, trata-se de uma necessidade
fundamental para uma prática educativa mais justa e igualitária. Isto porque
acreditamos que o processo ensino e aprendizagem deve estar pautado no respeito
ao educando, considerando como pressuposto seus aspectos físico, social e
econômico; não podendo haver qualquer espécie de discriminação uma vez que no
momento em que o aluno é valorizado em sua plenitude, poderá se efetivar a
formação de cidadãos críticos e ativos no contexto social. Contudo, vale ainda
apontar que a avaliação não é somente uma questão relacionada aos professores,
mas à escola como um todo.
Entende-se que, neste processo avaliação – ensino e
aprendizagem, todos os educadores devem ter em mente o que é avaliar e o quanto
uma avaliação pode mexer com a autoestima de um aluno, se usada de forma
incorreta. Avaliar não deve ter como base a exclusão e sim a inclusão do
educando, sempre pensando naquele ser humano como um grande potencial de
grandes feitos futuros. Transformar valores e arraigar conceitos deveria ser o
principal objetivo da avaliação.
Em síntese, não podemos avaliar de forma
qualitativa os saberes de cada aluno nas escolas, sem se dar conta do papel do
educador; do pedagogo frente à avaliação. Enfatizar o papel do educador perante
o sistema avaliativo é importante, pois entendemos que tratamos com pessoas e
esperamos que estas, possam contribuir para uma redefinição desta sociedade
vigente. A exclusão social se dá na maioria das vezes por conta de processos
avaliativos que somente mensuram conhecimentos pré-estabelecidos sem se dar
conta do complexo cenário que esta questão nos remete.
Avaliamos o êxito de qualquer ensino não pela
capacidade de reprodução que o aluno tem do que lhe foi apresentado como
informação ou caso exemplar, mas pela sua capacidade de construir soluções
próprias a novos problemas, ainda que para isso ele recorra àquilo que lhe foi
colocado como caso exemplar, ou seja, que ele lance mão das ‘soluções
canônicas’ que lhe foram apresentadas. Por tanto o dever de educar é de
todos nós - professores, pais, sociedade, escola. A avaliação escolar, que é
tarefa do professor não pode ser mais o prego no solado do sapato do estudante.
Ela deve ser a consagração seu encontro com o saber realmente construído
passo-a-passo, ao longo do tempo, na sala de aula, no pátio da escola, no
laboratório, na biblioteca, em casa, na rua, no mundo em que vivemos enfim.
O sistema avaliativo adotado pela escola segue a
Proposta Pedagógica do Ensino Fundamental de Nove Anos, do município de Campos
Formoso seguindo os critérios do processo de avaliação em Ciclo atribuindo-lhes
os seguintes conceitos:
NC – Não Conquistado
EC – Em Conquista
C – Conquistado
O aluno somente poderá ficar retido ao final do
ciclo de alfabetização caso seu conceito final seja NC – Não Conquistado
Cidadania
O professor não deve preocupar-se somente com o
conhecimento através da absorção de informações, mas também pelo processo de
construção da cidadania do aluno. Apesar de tal, para que isto ocorra, é
necessária a conscientização do professor de que seu papel é de facilitador de
aprendizagem, aberto às novas experiências, procurando compreender, numa
relação empática, também os sentimentos e os problemas de seus alunos.
O Educador deve reforçar a capacidade crítica
do educando auxiliando-o a tornar-se criador, investigador, inquieto,
rigorosamente curioso, humilde e persistente ; O facilitador deve ensinar os
conteúdos mas também ensinar a pensar certo.
Cultura
Nas comunidades tradicionais e na zona rural, uma
criança sabe geralmente mais do que o seu professor a respeito do mundo em que
vive: as matas, os animais, as plantas, as falas, o imaginário. É claro que o
professor tem o que ensinar e é justamente isso que esperam tanto os alunos
como suas famílias: ensinar aquilo que ainda não é sabido. Um professor que só
fala e é culturalmente surdo, é de fato um deficiente, como é deficiente a
escola em que ele ensina.
Currículo
A LDB (1996) aponta um direcionamento
específico para escola do campo, está incluso no capítulo que trata da educação
básica.
Art. 28. Na oferta de educação básica para a
população rural, os sistemas de ensino promoverão as adaptações necessárias à
sua adequação às peculiaridades da vida rural e de cada região,
especialmente:
I – conteúdos curriculares e metodologias
apropriadas às reais necessidades e interesses dos alunos da zona
rural;
II – organização escolar própria, incluindo
adequação do calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às condições
climáticas;
III – adequação à natureza do trabalho na zona
rural.
Assim a resolução nº 08/2012 diz:
Art. 1º Ficam estabelecidas Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educação Escolar Quilombola na Educação Básica, na forma desta
Resolução.
§ 1º A Educação Escolar Quilombola na Educação Básica:
I -organiza precipuamente o ensino ministrado nas
instituições educacionais fundamentando-se, informando-se e alimentando-se:
a) da memória coletiva;
b) das línguas reminiscentes;
c) dos marcos civilizatórios;
d) das práticas culturais;
e) das tecnologias e formas de produção do
trabalho;
f) dos acervos e repertórios orais;
g) dos festejos, usos, tradições e demais elementos
que conformam o patrimônio
cultural das comunidades quilombolas de todo o
país;
h) da territorialidade.
II – compreende a Educação Básica em suas etapas e
modalidades, a saber: Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio,
Educação do Campo, Educação Especial, Educação Profissional Técnica de Nível
Médio, Educação de Jovens e Adultos, inclusive na Educação a Distância;
III – destina-se ao atendimento das populações
quilombolas rurais e urbanas em suas mais variadas formas de produção cultural,
social, política e econômica;
IV – deve ser ofertada por estabelecimentos de
ensino localizados em comunidades reconhecidas pelos órgãos públicos
responsáveis como quilombolas, rurais e urbanas, bem como por estabelecimentos
de ensino próximos a essas comunidades e que recebem parte significativa dos
estudantes oriundos dos territórios quilombolas;
V – deve garantir aos estudantes o direito de se
apropriar dos conhecimentos tradicionais e das suas formas de produção de modo
a contribuir para o seu reconhecimento, valorização e continuidade;
VI – deve ser implementada como política pública
educacional e estabelecer interface com a política já existente para os povos
do campo e indígenas, reconhecidos os seus pontos de intersecção política,
histórica, social, educacional e econômica, sem perder a especificidade.
Diante disso, a Escola Quilombola Rural de Lage dos
Negros desenvolve a prática cotidiana de uma organização dos conteúdos
curriculares, compreendendo atividades de ensino e aprendizagem segundo o que
dispõe a Proposta Curricular, onde os professores procuram incorporar na
sua ação pedagógica de acordo a realidade em que a escola está inserida.
Permitindo assim, adaptações básicas às peculiaridades das comunidades
quilombolas e da zona rural e de cada localidade tendo especificamente:
conteúdos curriculares e metodologia apropriada às necessidades
reais e interesses e condições climáticas; adequadas à natureza do trabalho. A
nossa meta é que haja aprendizagem significativa, baseada no mundo real do
aluno.
Formação Continuada
A importância da formação continuada vem sendo meta
prioritária do sistema educacional. Pela primeira vez, uma lei trata da
formação continuada do professor, a Lei n° 9.394/96.
"Ninguém nasce educador ou marcado para ser educador. A gente se
faz educador, a gente se forma, como educador, permanentemente, na prática e na
reflexão da prática". (FREIRE, 1991, pág. 58).
Para o autor, formação permanente é
uma conquista da maturidade, da consciência do ser. Quando a reflexão permear a
prática, docente e de vida, a formação continuada será
exigência "sinequa non" para que o homem se mantenha vivo,
energizado, atuante no seu espaço histórico, crescendo no saber e na
responsabilidade.
A modernidade exige mudanças, adaptações,
atualização e aperfeiçoamento. Quem não se atualiza fica para trás. A parceria,
a globalização, a informática, toda a tecnologia moderna é um desafio a quem se
formou há vinte ou trinta anos. A concepção moderna de educador exige “uma
sólida formação científica, técnica e política, viabilizadora de uma prática
pedagógica crítica e consciente da necessidade de mudanças na sociedade
brasileira”.
Nesse contexto, os docentes que atuam nas escolas
do campo, no município de Campo Formoso, Estado da Bahia buscam se aprimorar
diante das mudanças que ocorrem, principalmente no que diz respeito à Educação
Ambiental, recebendo formações de Programas como “Agenda 21” e do “Escola da
Terra”, que oferecem subsídios para uma prática sustentada na realidade das
escolas que situam-se no meio rural.
Gestão
O conceito de Gestão Escolar é relativamente
recente de extrema importância, na medida em que desejamos uma escola que
atenda às atuais exigências da vida social: formar cidadãos, oferecendo, ainda,
a possibilidade de apreensão de competências e habilidades necessárias e
facilitadoras da inserção social.
É interessante verificar como o conceito evoluiu
com o a passar dos anos do que seria gestão escolar e permitir pensar em gestão
no sentindo de gerir uma instituição escolar, desenvolvendo estratégias no
cotidiano com a finalidade de uma democratização da gestão educacional.
Alguns aspectos que alteram o sentido e a concepção
de educação, de escola e da relação escola/sociedade.
Administração
Escolar
|
Gestão
Escolar
|
||
Escola
|
- garantir formação competente de seus alunos
para que se tornem cidadãos participativos da sociedade;
- responsabilidade do governo; - entidade, ao mesmo tempo, autoritária e paternalista. |
- oferecer oportunidades para que seus alunos
possam aprender para compreender a vida, a sociedade e a si mesmos;
- organização viva caracterizada por uma rede de relações de todos os elementos que nela atuam ou interferem. |
|
Diretor
|
Seu Papel
|
- guardião e gerente de operações estabelecidas
em órgãos centrais;
- responsável por repassar informações, controlar, supervisionar, "dirigir" o fazer escolar de acordo com as normas propostas pelo sistema de ensino. |
- gestor da dinâmica social;
- mobilizador, articulador da diversidade para dar-lhe consistência e unidade; - responsável por promover transformações de relações de poder, de práticas e da organização escolar. |
Bom
Diretor
|
-
cumpridor pleno dessas obrigações, de modo a garantir que a escola não fuja
ao estabelecido em âmbito central ou em hierarquia superior.
|
- ter visão da escola inserida em sua comunidade,
a médio e longo prazo, com horizontes largos;
- compartilhar o poder e a tomada de decisões de forma coletiva |
|
Equipe
Técnico-Pedagógica, Funcionários, Pais e Alunos, Comunidade
|
- hierarquizada;
- subordinados a uma administração por comando e controle, centrada na autoridade e distanciada da implementação das ações. |
- não apenas fazem parte do ambiente cultural, mas
o formam e o constroem, pelo seu modo de agir;
- de sua interação depende a identidade da escola na comunidade . |
|
Alguns
Pressupostos
|
- tensões, conflitos, contradições eram
eliminados ou abafados;
- descomprometimento de pessoas, em qualquer nível de ação, pelos resultados finais. |
- tensões, conflitos, contradições, incertezas
são vistos como condições e oportunidades de crescimento e transformação;
- ambiente participativo criando uma visão de conjunto da escola no qual a responsabilidade |
|
Sociedade
|
- considera a educação como responsabilidade
exclusiva da escola.
|
- não é mais indiferente ao que acontece na
escola;
- exige que a escola seja competente; - dispõe-se a contribuir. |
As crianças de hoje, serão os futuros políticos,
donos de escolas, diretores, gestores de amanhã e se estes forem conscientes e
agirem com ética e moral, por terem sidos conscientizados por seus professores,
serão mais zelosos com os benefícios voltados para a educação. O perfil alegre,
animador, flexível, lutador e cheio de esperanças, apesar de..., é o que ajuda
o exercício da profissão, tornando-a compensadora e desafiadora. Seres
convictos de mudança é o que os educadores devem ser.
DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO ATUAL
1.1 Aspectos administrativos e pedagógicos
1.1.1 Positivos
Corpo docente com boa· formação;
Início das aulas em· tempo hábil;
Implantação de Projetos· (Pacto pela Educação, Novo Mais Educação.);
Bom rendimento escolar· (2016);
Diminuição do índice de· reprovação;
1.1.2 Negativos
Falta de professores· para o preenchimento do quadro;
Dificuldade com· transporte escolar;
Falta de espaço· adequado para práticas desportivas;
Infraestrutura precária, com problemas de cupins;·
Falta de um laboratório· de informática;
Estradas precárias para· o bom funcionamento do transporte escolar;
1.1.3 Proposta de formação continuada para os
professores
Promoção de oficinas· para o trabalho interdisciplinar;
Formação continuada Pro· letramento, Escola da Terra;
Preparação para o· ensino do Campo e Quilombola.
1.1.4 Materiais
Audiovisuais (Televisão,· Aparelho de som, Data Show, Filmadora e DVD);
Aparelho de fax e· telefone (Material disponível SECTE);
Impressoras (Material· disponível na Secretaria das Escolas.);
Armários para· professores;
Arquivos (Material· disponível na Secretaria das Escolas.);
Fogão;·
Liquidificador;·
Freezer (Material· disponível na Secretaria das Escolas.);
Ventiladores;·
Recursos didáticos· (quadro de giz; esponjas, carteiras e cadeiras,
livros, bolas, pilotos permanentes, pilotos para quadro branco, canetas, lápis,
cola, tesoura, cola quente e Bastão para cola quente, papel madeira, cartolina,
EVA, TNT);
Kits pedagógicos;·
CONCEPÇÃO E
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO QUILOMBOLA DO CAMPO
Subsidiar a comissão da Câmara de Educação Básica
do Conselho Nacional de Educação no processo de elaboração das Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola, instituída pela
Portaria CNE/CEB nº 5/2010, é o objetivo deste texto.Um dos eixos orientadores
dessas Diretrizes é a compreensão da Educação Escolar Quilombola como
modalidade de ensino da Educação Básica de acordo com as deliberações da
Conferência Nacional de Educação (CONAE, 2010) e em atendimento ao Parecer CNE/CEB
07/2010, à Resolução CNE/CEB 04/2010, que instituem as Diretrizes Curriculares
Gerais para Educação Básica e à Resolução CNE/CEB 08/2012, que instituiu as
Diretrizes curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola na
Educação Básica.
De acordo com essas Diretrizes:
A Educação Escolar Quilombola é desenvolvida em
unidades educacionais inscritas em suas terras e cultura, requerendo pedagogia
própria em respeito à especificidade étnico-cultural de cada comunidade e
formação específica de seu quadro docente, observados os princípios
constitucionais, a base nacional comum e os princípios que orientam a Educação
Básica brasileira. Na estruturação e no funcionamento das escolas quilombolas
deve ser reconhecida e valorizada sua diversidade cultural. (p.42)
Considerando-se o processo histórico de
configuração dos quilombos no Brasil e a realidade vivida, hoje, pelas
comunidades remanescentes de quilombos, é possível afirmar que a história dessa
parcela da população tem sido construída por meio de várias e distintas estratégias
de luta, a saber: contra o racismo, pela terra e território, pela vida, pelo
respeito à
diversidade sociocultural, pela garantia do direito à cidadania, pelo
desenvolvimento de políticas públicas que reconheçam, reparem e garantam o
direito das comunidades quilombolas à saúde, à moradia, ao trabalho e à
educação.
Esse histórico de lutas tem o movimento quilombola
e o movimento negro como os principais protagonistas políticos que organizam as
demandas das diversas comunidades quilombolas de todo o país e as colocam na
cena pública e política, transformando-as em questões sociais. São esses
movimentos sociais que denunciam que a situação de desigualdade e preconceito
vivida pelos quilombolas está intrinsecamente ligada ao racismo.
Portanto, a garantia dos direitos aos povos
quilombolas faz parte da luta antirracista. Na agenda das lutas do movimento
negro no Brasil, a questão quilombola foi se tornando cada vez mais marcante,
com a participação de lideranças quilombolas que explicitavam a especificidade
das suas demandas, sobretudo em torno de uma educação escolar que se realize em
nível nacional e, de fato, contemple não só a diversidade regional na qual a
população quilombola se distribui em nosso país, mas, principalmente, a
realidade sócio-histórica, política, econômica e cultural desse povo. Uma
realidade que tem sido invisibilizada ao longo da história da política
educacional.
Cabe destacar nesse processo o protagonismo da
Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas
(CONAQ) e de várias outras organizações quilombolas locais, as quais são
responsáveis pelas pressões ao Estado brasileiro pelo atendimento educacional
que leve em consideração a realidade quilombola no país. As respostas, porém,
ainda são lentas, dada a gravidade da situação de desigualdade e invisibilidade
que ainda recai sobre as escolas localizadas em territórios remanescentes de quilombos
ou que atendem a essa parcela da população.
No processo de luta contra o racismo e a
discriminação racial no Brasil, a questão quilombola se apresenta como mais um
desafio e uma demanda específica. A sua inserção em momentos históricos da
configuração do movimento negro no Brasil após a ditadura militar resulta,
entre outros processos, na formulação dessas Diretrizes.
Para melhor compreensão do processo em nível
nacional que desencadeou na demanda de um trato pedagógico específico para a
Educação Escolar Quilombola nas políticas educacionais, cabe destacar alguns
momentos de luta do movimento negro no Brasil:a comemoração dos 300 anos de
Zumbi, em 1995, e a realização, em Brasília, no dia 20 de novembro de 1995, da
“Marcha Zumbi dos Palmares contra o Racismo, pela Cidadania e pela Vida”,
coordenada pelo Movimento Negro em nível nacional em parceria com outros
setores da sociedade civil.
Por ocasião da Marcha, o país assistiu a uma das
primeiras manifestações públicas da articulação nacional dos quilombolas, a
saber: o I Encontro Nacional, que aconteceu em Brasília, no período de 17 a 20
de novembro de 1995. Desse encontro, saíram reivindicações concretas das
populações quilombolas ao Estado brasileiro, incluindo entre elas a educação.
Em 1996, é organizada a Coordenação Nacional de
Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ). Essa entidade de
representação máxima das comunidades quilombolas é formada pelos próprios
quilombolas, com representação em diferentes Estados brasileiros com o
propósito de mobilizar as comunidades quilombolas em todo o Brasil em defesa de
seus direitos.
O processo de mobilização e a participação do
movimento negro e quilombola na 3ª Conferência Mundial contra o Racismo, a
Discriminação Racial, a Xenofobia e Formas Correlatas de Intolerância,
promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU), de 31 de agosto a 8 de
setembro de 2001, na cidade de Durban, África do Sul, também dever ser considerado.
Atendendo ao compromisso assumido em Durban, o governo brasileiro se desdobra
em políticas mais concretas. Destaca-se a criação da Secretaria Especial de
Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), em 2003. No Ministério da
Educação, é criada a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização,
Diversidade e Inclusão (Secadi), em 2004, na qual a educação quilombola começa
a encontrar um lugar institucional de discussão.
É importante considerar outras formas de
mobilização do movimento negro nas quais a educação, de maneira geral, e a
educação quilombola, em específico, também ocuparam espaço, tal como a “Marcha
Zumbi + 10: Pela Cidadania e a Vida”, em 2005, realizada pelo Movimento Negro,
em Brasília, com o apoio de outras entidades do movimento social. Foram duas
mobilizações: a primeira, no dia 16 de novembro, enfocou a desigualdade socioeconômica
e o baixo orçamento público destinado à melhoria da qualidade de vida da população
negra; e a segunda, no dia 22 de novembro, enfatizou a exclusão social e a necessidade
de combater a violência e o genocídio da população negra, sobretudo a dos jovens.
É importante citar também a realização da 1ª Conferência Nacional de Políticas
de Promoção da Igualdade Racial (I Conapir), realizada pela SEPPIR, em 2005, e
da 2ª Conferência Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (II
Conapir), nas quais as especificidades do movimento negro, dos povos indígenas,
dos quilombolas, das comunidades de terreiro, da população LGBT, dos judeus e
dos palestinos estiveram presentes.
Dessa forma, o reconhecimento de comunidades
remanescentes de quilombos e seu grande número colocam aos sistemas de ensino e
ao Estado o desafio de repensar a educação escolar e seu currículo considerando
os valores, as práticas culturais e os conhecimentos produzidos pelas
comunidades negras rurais e urbanas ao longo da história do nosso país. A gestão
educacional e a formação de professores são indagadas a responder: que tipo de
escola e que tipo de educação são necessários às comunidades remanescentes de
quilombos no Brasil?
A Educação Escolar Quilombola não pode prescindir
da discussão sobre a realidade histórica e política que envolve a questão
quilombola no país. Dessa forma, os sistemas de ensino, as escolas, os
docentes, os processos de formação inicial e continuada de professores da
Educação Básica e Superior, ao implementarem as Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educação Escolar Quilombola, deverão incluir em seus
currículos, além dos aspectos legais e normativos que regem a organização
escolar brasileira, a conceituação de quilombo; a articulação entre quilombos,
terra e território; os avanços e os limites do direito dos quilombolas na
legislação brasileira; a memória; a oralidade; o trabalho e a cultura.
A pedagogia histórico-crítica entende que a
tendência a secundarizar a escola traduz o caráter contraditório que atravessa
a educação, a partir da contradição da própria sociedade. Na medida em que
estamos, ainda, numa sociedade de classes com interesses opostos e que a
instrução generalizada da população contraria os interesses de estratificação
de classes, ocorre essa tentativa de desvalorização da escola, cujo objetivo é
reduzir o seu impacto em relação às exigências de transformação da própria
sociedade.
A escola é, pois, compreendida com base no
desenvolvimento histórico da sociedade; assim compreendida, torna-se possível a
sua articulação com a superação da sociedade vigente em direção a uma sociedade
sem classes, a uma sociedade socialista.
A escola tem o papel de possibilitar o acesso das
novas gerações ao mundo do saber sistematizado, do saber metódico, científico.
Ela necessita organizar processos, descobrir formas adequadas a essa
finalidade.
A concepção de uma educação a partir da realidade
quilombola e do campo e na comunidade quilombola do campo foi formulada em um
contexto de problematização de conceitos e ideias até então arraigadas na
sociedade brasileira, como tem sido o de educação rural. A concepção de
Educação Quilombola e do Campo, em substituição à Educação Rural, entende campo
e cidade enquanto duas partes de uma sociedade, que dependem uma da outra e não
podem ser tratadas de forma desigual.
O campo, compreendido a partir do conceito de
territorialidade, é o lugar marcado pela diversidade econômica, cultural e
étnico-racial. É espaço emancipatório quando associado à construção da
democracia e de solidariedade de lutas pelo à terra, à educação, à saúde, à
organização da produção e pela preservação da vida. Mais de que um perímetro
não-urbano, o campo possibilita a relação dos seres humanos com sua própria
produção, com os resultados do seu trabalho, com a natureza de onde tira o seu
sustento. Se comprometida com a diversidade do trabalho e sua cultura, a
educação terá também especificidades que precisam ser incorporadas nos projetos
político-pedagógicos. Entendemos, no entanto, que o campo e a cidade são dois
polos de um continuum, duas partes de um todo, que não podem se isolar, mas,
antes de tudo, articulam-se, completam-se e se alimentam mutuamente.
A Educação Quilombola e do Campo, então, se afirma
na defesa de um país soberano e independente, vinculado à construção de em projeto
de desenvolvimento, no qual a educação é uma das dimensões necessárias para a
transformação da sociedade, que se opõe ao modelo de educação rural vigente.
Nessa perspectiva, a escola torna-se um espaço de análise crítica para que se
levantem as bases para elaboração de uma outra proposta de educação e de
desenvolvimento. Nesse sentido, busca-se desenvolver uma proposta de educação
voltada para as necessidades das populações do campo e para a garantia de
escolarização de qualidade, tornando-se o centro aglutinador e divulgador da
cultura da comunidade e da comunidade.
Cada povo do campo tem sua forma de viver.
Ribeirinhos, caiçaras, quilombolas, seringueiros, agricultores familiares,
indígenas se diferenciam entre si devido ao trabalho que realizam e à cultura
gerada por suas formas de trabalho. Do mesmo modo se assemelham entre si, pois
possuem as mesmas carências, as mesmas limitações econômicas, materiais,
humanas e de acesso à cultura. A conquista do acesso universal a todo o
conhecimento produzido pela humanidade e a garantia de uma formação que busque
novas estratégias educativas e promova o desenvolvimento humano integral é
outro dos desafios da Educação do Campo.
VALORES
Ao resgatar a dimensão sócio-política da Educação
do Campo se exigedos sujeitos educativos distintas formas de organização do
trabalho pedagógico e do trato com o conhecimento, apontando tanto para a busca
de processos participativos de ensino e aprendizagem, quanto de ação social
para a transformação. Dessa maneira a Educação do Campo evidenciará o respeito
à diversidade cultural e às realidades que fazem parte das comunidades.
A Educação do Campo/Quilombola advoga princípios
filosóficos que dialogam com concepções de sociedade, de desenvolvimento e de
educação:
a)Educação para a transformação;
b)Educação para o trabalho e a cooperação;
c)Educação voltada para as várias dimensões da
pessoa humana;
d) Educação com/para valores humanistas;
e)Valorização dos diferentes saberes no processo
educativo;
f)A diversidade de espaços e tempos educativos;
g)Educação como estratégia para o desenvolvimento
sustentável
h)Vivência de processos democráticos e
participativos
MISSÃO
Desenvolver nas Escolas do Campo uma educação de
qualidade que favoreça a garantia de igualdade de direitos, a justiça social e
a solidariedade entre os sujeitos do campo, bem como estimular e promover
debates sobre as estratégias e maneiras de se utilizar os recursos naturais
brasileiros e sua rica biodiversidade de forma sustentável e conjugada com a
melhoria das condições socioeconômicas da população.
VISÃO
NA ABORDAGEM DO CONHECIMENTO
1) A aprendizagem ocorre por meio da ação humana e
mediante a apropriação (ativa e criativa) de conceitos que possibilitam o
desenvolvimento de estágios mais elevados de raciocínio e consequentemente,
novas formas de atuação e compreensão de mundo;
2) O conhecimento e os saberes são instrumentos de
mediação disponíveis para que o educador promova aprendizagens, devendo ser
traduzido e adequado às possibilidades sócio cognitivos educandos;
3) Uma das mais importantes tarefas do educador é
aprofundar seu conhecimento sobre as teorias pedagógicas que possibilitam a
compreensão do fenômeno educativo;
4) Os temas mais necessários são aqueles que
tratam problemáticas que afetam a vida dos educandos, da comunidade e da
escola;
5) A realidade é interdisciplinar;
6) A qualidade do trabalho docente depende da
articulação contínua entre ensino e pesquisa;
NA ABORDAGEM METODOLÓGICA
1) O processo de ensino e aprendizagem articula a
organização do trabalho pedagógico, a forma de tratar o conhecimento e a
construção coletiva do Projeto Político Pedagógico da escola;
2) Os objetivos, os conteúdos e os processos
avaliativos são articulados no planejamento e envolvem a participação dos
diversos segmentos da comunidade escolar, materializando-se em situações
concretas de aprendizagem em sala de aula;
3) O processo de ensino e de aprendizagem é
potencializado pela metodologia problematizadora, que localiza o educador como
condutor do estudo da realidade;
NA ORGANIZAÇÃO DA GESTÃO DA ESCOLA
1) A gestão escolar é democrática e participativa,
abrange a escola e a comunidade;
2) A gestão escolar é democrática e participativa
se contextualiza nos processos sociais, políticos e econômicas que
delimitam/influenciam ação educativa da instituição escolar;
3) A constituição e/ou o fortalecimento de
coletivos formados por educadoras, educandos, pais,comunidade escolar e
demais trabalhadores, a exemplo do Conselho Escolar, ajudam a empreender, na
prática, pressupostos amplos de gestão democrática;
4) O estímulo à auto- organização dos educandos
mediante a inserção, no currículo escolar, de conteúdos sobre liderança, grupos
e equipe e a doção de vivências práticas auto organizativas e participativas no
espaço intra e extraescolar possibilitam tanto a formação de líderes como o
desenvolvimento da autonomia.
A Educação Quilombola do Campo se apresenta,
portanto, como estratégia educacional que se integra ao projeto de emancipação
política, cultural, econômica e social dos povos do campo. Na educação do campo
educar também é ensinar a importância de participar e de pensar o campo como
parte da unidade que é o país, em que campo e cidade se completam sem se
excluírem.
O NOVO MAIS EDUCAÇÃO
Apresentação
O Programa Novo Mais Educação, criado pela Portaria MEC nº 1.144/2016 e regido pela Resolução FNDE nº 5/2016, é uma estratégia do
Ministério da Educação que tem como objetivo melhorar a aprendizagem em língua
portuguesa e matemática no ensino fundamental, por meio da ampliação da jornada
escolar de crianças e adolescentes.
Em 2017, o Programa será implementado por meio da
realização de acompanhamento pedagógico em Língua Portuguesa e Matemática e do
desenvolvimento de atividades nos campos de artes, cultura, esporte e lazer,
impulsionando a melhoria do desempenho educacional mediante a complementação da
carga horária em cinco ou quinze horas semanais no turno e contraturno escolar.
O Programa tem por finalidade contribuir para a:
I - alfabetização, ampliação do letramento e melhoria do desempenho em
língua portuguesa e matemática das crianças e dos adolescentes, por meio de
acompanhamento pedagógico específico;
II - redução do abandono, da reprovação, da distorção idade/ano,
mediante a implementação de ações pedagógicas para melhoria do rendimento e
desempenho escolar;
III - melhoria dos resultados de aprendizagem do ensino fundamental, nos
anos iniciais e finais;
IV - ampliação do período de permanência dos alunos na escola.
O Programa Novo Mais Educação será implementado nas
escolas públicas de ensino fundamental, por meio de articulação institucional e
cooperação com as secretarias estaduais, distrital e municipais de educação,
mediante apoio técnico e financeiro do Ministério da Educação - MEC.
Adesão ao programa
As secretarias municipais, estaduais e distrital de
educação (Entidades Executoras – EEx) aderiram ao Programa Novo Mais Educação
por meio do módulo PAR do Sistema Integrado de Monitoramento Execução e Controle
(SIMEC), com a indicação das escolas vinculadas habilitadas a aderir
ao Programa. O prazo de adesão
para essa etapa se iniciou em 19/10/2016 e se encerrou em 04/11/2016.
A partir daí, as Unidades Executoras (UEx) das
escolas elaboraram e enviaram à SEB/MEC o Plano de Atendimento da Escola, por
meio do Sistema
PDDE Interativo. Esse procedimento de adesão constitui-se em
condição necessária para que as escolas possam ser contempladas com recursos
financeiros. O prazo de adesão para essa etapa se iniciou em 24/10/2016 e se
encerrou em 18/11/2016.
Organização dos Tempos Escolares
A escola ofertará 15 (quinze) horas de atividades complementares por semana
realizarão 2 (duas) atividades de Acompanhamento Pedagógico, totalizando 8
(oito) horas, e outras 3 (três) atividades de escolha da escola, sendo:
- 1 (uma) de Acompanhamento Pedagógico de Língua Portuguesa com 4 (quatro) horas de duração;
- 1 (uma) de Acompanhamento Pedagógico de Matemática, com 4 (quatro) horas de duração;
- 3 (três) atividades de escolha da escola dentre aquelas disponibilizadas no Sistema PDDE Interativo, a serem realizadas nas 7 (sete) horas restantes. Que são (Canto/Coral, Educação Patrimonial e Teatro)
Prioridades
Ao indicar as escolas para o Programa, foi recomendado que as EEx
utilizassem os seguintes critérios de priorização:
I – escolas que receberam recursos na conta PDDE Educação Integral entre
2014 e 2016.
II – escolas que apresentam Índice de Nível Socioeconômico baixo ou
muito baixo segundo a classificação do Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP);
III – escolas que obtiveram baixo desempenho no Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB).
Atores
Para auxiliar e realizar as atividades previstas no planejamento do
Programa Novo Mais Educação, foram definidas as seguintes funções:
I – Articulador da Escola, que será responsável pela coordenação e
organização das atividades na escola, pela promoção da interação entre a escola
e a comunidade, pela prestação de informações sobre o desenvolvimento das
atividades para fins de monitoramento e pela integração do Programa com Projeto
Político Pedagógico (PPP) da escola. O Articulador da Escola deverá ser
indicado no Plano de Atendimento da Escola, devendo ser professor, coordenador
pedagógico ou possuir cargo equivalente com carga horária mínima de 20 (vinte)
horas, em efetivo exercício, preferencialmente lotado na escola;
II – Mediador da Aprendizagem, que será responsável pela realização das
atividades de Acompanhamento Pedagógico;
III – Facilitador, que será responsável pela realização das 7 (sete)
horas de atividades de escolha da escola.
Além desses atores, cada Secretaria de Educação, no ato de adesão,
indicou um coordenador municipal, distrital ou estadual que fará o
acompanhamento do programa.
Na Escola Quilombola Rural de Lage dos Negros o
programa atenderá 130 alunos distribuídos em 7 (sete) turmas para
acompanhamento pedagógico e 5 (cinco) turmas para as demais atividades.
O PACTO COM MUNICÍPIOS PELA ALFABETIZAÇÃO
Pacto com Municípios pela Alfabetização é uma
parceria do Estado com municípios baianos, em regime de colaboração, para
melhorar a educação básica nas escolas públicas estaduais e municipais da
Bahia. O principal objetivo desse programa é promover a alfabetização de todas
as crianças até os oito anos de idade, primeiro compromisso do Programa
Estadual Todos pela Escola.
Base Legal
Decreto 12.792/2011 – institui o Programa Estadual
“Pacto pela Educação”, a ser implementado no âmbito do ensino fundamental do
sistema estadual de ensino, mediante cooperação entre o Estado da Bahia e seus
municípios.
Termo de Cooperação – Termo de cooperação que
celebram o Estado da Bahia, por intermédio da Secretaria da Educação e os
municípios no âmbito do Programa “Pacto Pela Educação”.
O PROGRAMA
EDUCAÇÃO QUILOMBOLA
“Fortalecimento da educação básica em comunidades
remanescentes de quilombos”
Objetivo:
Fortalecer os sistemas municipais, estaduais e do
Distrito Federal de educação, envolvendo o apoio à coordenação local na
melhoria de infraestrutura, formação continuada de professores que atuam nas
comunidades remanescentes de quilombos, visando à valorização e a afirmação dos
valores étnico-raciais na escola e proporcionando instrumentos teóricos e
conceituais necessários para compreender e refletir criticamente sobre a
educação básica oferecida nas comunidades remanescentes de quilombos.
Ações:
Formação de Professores;
Produção de material didático específico;
Construção de escolas quilombolas, com vistas a
dotar de infraestrutura básica as comunidades quilombolas para realização de
educação de qualidade.
QUEREMOS UMA ESCOLA QUE:
Esteja atenta· a mudanças com base nos princípios, valores,
prioridades e compromissos democráticos, onde, em função da Gestão Democrática,
Equipe Pedagógica, Professores, Alunos, Funcionários e Pais adotem como
fundamentos norteadores, os princípios éticos de autonomia, responsabilidade,
solidariedade e respeito ao bem comum;
Priorize pelos· princípios estéticos, da sensibilidade, da
ludicidade e da diversidade, e que garantam aos profissionais da educação a
formação continuada, fundamentando-os para diversidade metodológica;
Os princípios· políticos dos direitos e deveres de cidadania, do
exercício da criatividade e respeito a ordem democrática que serão explícitos e
executados através de projetos interdisciplinares pontuais e comemorativos;
PARA ISSO ENTENDEMOS QUE SERÁ NECESSÁRIO:
Processo· participativo (planejamento articulado com troca
de experiência entre professores);
Atividade de· planejamento mensal ou quinzenal;
Evitar ao máximo a· formação de salas multisseriadas;
Enfatizar a· participação da comunidade para o bom
desenvolvimento da escola, através da gestão democrática e a efetiva
participação da Sociedade Civil Organizada, dos Conselhos de Classe, da Unidade
Executora e do Conselho Escolar;
Participação da
comunidade· na
construção do currículo da escola para que contemple seus anseios e
diversidades;
Que o currículo· contemple a questão do campo e preservação do
meio-ambiente;
Construção de· veículos de informações entre pais, alunos e
professores (mural de informações);
Produzir momentos de· reflexão sobre a estrutura física da escola, suas
necessidades e anseios (estrutura, organização e limpeza, televisores).
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as
Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário Oficial [da República
Federativa do Brasil], Brasília, DF.
BRASIL. Lei nº 10.639, de 09 de janeiro de 2003. Estabelece a
obrigatoriedade do estudo da história e cultura afro-brasileira, nas Escolas
Públicas. Diário Oficial [da República Federativa do Brasil],
Brasília, DF.
BRASIL. Lei nº 11.645, de 10 de março de 2008. Estabelece a
obrigatoriedade do estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena, nas
Escolas Públicas. Diário Oficial [da República Federativa do Brasil],
Brasília, DF.
BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros
curriculares nacionais: introdução aos parâmetros curriculares nacionais /
Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEE, 1997.
Caderno de orientações pedagógicas para formação de
educadoras e educadores. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de
Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2010. (Programa Escola
Ativa).
SAVIANI, Demerval. Pedagogia histórico-crítica: primeiras
aproximações. 10.ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2008. –
(Coleção educação contemporânea).