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sábado, 2 de abril de 2016

Em Erechim, lugar de criança com deficiência é na escola regular

A rotina de aulas começa com as crianças ao redor do varal de fotos que mostram as atividades daquele dia. “Ao olhar para a sequência das imagens, elas visualizam o que terão pela frente e vão se preparando e se acalmando”, explica Julhane Kalles, professora do Atendimento de Educação Especializado (AEE) da Escola Municipal de Educação Infantil Dr. Ruther Alberto Von Mühlen, em Erechim, no Rio Grande do Sul. Ela teve a ideia de trabalhar com as fotos depois que a escola recebeu uma aluna autista, de quatro anos, que não se comunica verbalmente.

As fotografias ajudam a menina a perceber e a se adaptar à realidade da escola e, ao mesmo tempo, permitem uma rotina atrativa para toda a turma. “Todos foram incluídos nesse projeto”, esclarece Julhane. Outras cinco crianças da escola apresentam deficiências e todas são incluídas na rotina regular da escola após um plano de atendimento pedagógico definido conjuntamente com os professores e a família. “O nosso objetivo é diminuir barreiras para que as crianças tenham maior facilidade de inserção no ensino comum”, esclarece Julhane.

Desde 2009, a Secretaria de Educação de Erechim adota a perspectiva de educação inclusiva nas 15 escolas do município de 101 mil habitantes. No total, 200 crianças, jovens e adultos, com deficiência ou altas habilidades, frequentam o ensino regular e, no contraturno, de duas a três vezes por semana, recebem atendimento especializado nas salas de recursos multifuncionais. A criação desses espaços em escolas públicas tem amparo do Programa Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais do Ministério da Educação, que fornece equipamentos de informática, mobiliários, materiais pedagógicos e de acessibilidade.

A Escola Municipal de Educação Infantil São Cristóvão, também em Erechim, adota as mesmas práticas para a inclusão escolar de quatro crianças com deficiência. Com o suporte e a prática pedagógica apropriada, a escola torna-se um ambiente acolhedor. Nas atividades em sala de aula ou nas brincadeiras da hora do intervalo, Ana Vitória de Godois, quatro anos, que tem paralisia nos membros inferiores, sente-se aceita e feliz. Tanto que todos os dias pede para ir à escola e às atividades do contraturno.

“Ela não deixa de fazer nada que as outras crianças fazem. Quando não está na cadeira de rodas, ela se arrasta para brincar no chão, no parquinho de areia e até no balanço”, conta a mãe Nelci Ana. E complementa: “A melhor escola é a inclusiva, onde ela pode interagir com todas as crianças, com deficiência ou não. Ela tem uma amiguinha, por exemplo, que tem síndrome de Down.”

Assessoramento – Professora de apoio ao processo ensino-aprendizagem, Josiane Schelski dá assessoramento a todos os professores da Escola São Cristóvão e também às famílias dos alunos. Além de ficar atenta às necessidades específicas dos alunos, com ou sem deficiência, e indicar especialistas para as famílias, ela propõe projeto pedagógicos e cursos de formação. “Neste ano, vamos trabalhar com projeto de formação continuada de professores sobre as diretrizes curriculares nacionais e, com as crianças, continuar a explorar filmes, músicas e leituras para que percebam a importância de aprender a conviver com as diferenças”, adianta.

Além do suporte adequado dentro das escolas, as crianças com deficiências matriculadas na rede pública de Erechim têm assegurado o transporte escolar, da porta de casa à escola e no trajeto da volta. Nas salas de aulas, o professor titular conta ainda com o apoio de um segundo professor para ajudá-lo no processo de qualificação do ensino. “Ele dá tanto o suporte para o aluno com deficiência como para qualquer outro que apresenta dúvida na sala de aula”, diz Maria Salete de Moura Torres, coordenadora da Proposta de Educação Especial em Erechim.

Segundo ela, a maior dificuldade do processo de inclusão escolar é com relação à eliminação das atitudes, os preconceitos que sempre levaram à segregação. “Por muito tempo aceitou-se que as pessoas com deficiência ficassem fora da escola. É preciso mudar isso e perceber que todos nós aprendemos com as diferenças”, pondera a coordenadora. “Estar alinhado com a política nacional de inclusão escolar significa acreditar que é possível avançar não apenas nas matrículas de pessoas com deficiência, mas na qualidade da educação ofertada pelas escolas”, defende Maria Salete. (Rovênia Amorim)

Saiba mais sobre o Programa Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais do Ministério da Educação

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Traduzido por Rodrigo Vicente. Por: SMEDUC - Campo Formoso