Natural de Caxias, no Maranhão, o jovem Jardeon Jardiel Machado de
Araújo, 29 anos, é o caçula do que se pode chamar de grande família.
Destaca-se no extenso núcleo familiar por ter sido o primeiro a ouvir a
frase: “Estamos muito orgulhosos pela sua conquista.” O afago dos
parentes foi pela formatura em tecnologia em análise e desenvolvimento
de sistemas, em 2014.
Jardeon faz parte de uma parcela especial da população brasileira: é o
primeiro da família com acesso ao ensino superior. Hoje, nas
universidades brasileiras, um em cada três estudantes é o primeiro da
família que chegou lá. Avós, pais e irmãos nunca se formaram. Jardeon
está entre 35% dos formandos participantes do Exame Nacional de
Desempenho dos Estudantes (Enade) 2014 que afirmaram ser o primeiro
integrante da família a concluir uma faculdade.
O novo tecnólogo do mercado mudou-se para o Distrito Federal ainda
criança, aos 5 anos. Vai à terra natal só nas férias, para visitar avós e
nove tios, além dos primos. Mora com a mãe e dois irmãos em uma casa
alugada na cidade de Taguatinga. Conseguiu a graduação após dois
estágios e a ajuda financeira do salão de beleza da mãe, a cabelereira
Maria de Fátima.
O feito também despertou a vontade do irmão mais velho, Jeferson, de
34 anos, que agora pensa em fazer faculdade. Provavelmente
administração, área em que atua. “Querendo ou não, isso põe todos para
cima. Faz com que a gente queira voar mais alto”, avalia Jardeon, que
trabalha na Faculdade Projeção, onde se formou. O próximo passo, abrir a
própria empresa de tecnologia da informação (TI).
Questionário – A informação sobre Jardeon ser o
primeiro integrante da família a concluir uma faculdade foi coletada
pelo questionário socioeconômico, aplicado pela primeira vez no Enade
2014. Além de traçar o perfil socioeconômico e acadêmico dos
participantes do exame, o instrumento permite ao Ministério da Educação
conhecer melhor como se constrói a qualidade da educação superior no
país.
De acordo com o levantamento, 19% dos estudantes entraram no ensino
superior por meio de políticas de ação afirmativa ou inclusão social.
Para cursar o ensino superior, 30,3% do total de discentes contaram com
algum tipo de financiamento ou bolsa ao longo do curso. Considerando-se
somente as instituições particulares, 46,8% tiveram financiamento ou
bolsa. A metade dos financiamentos ou bolsas foi concedida pelo Governo
Federal.
Médico – Caso o questionário socioeconômico tivesse
acompanhado o Enade 2013, teria alcançado o médico José Cleison da
Silva, 28 anos. Cleison, que fez o Enade naquele ano, se encaixaria em
todos os quesitos acima como um exemplo de esforço e perseverança para
ter uma formação superior.
O jovem médico é filho adotivo de um casal de camponeses analfabetos
da área rural do distrito de Itaguá, no município de Campos Sales,
Ceará, para onde voltou depois de formado pela faculdade Estácio, em
Juazeiro do Norte. Sua trajetória de vida abre uma nova perspectiva para
os estudantes da região, de pouco mais de 26 mil habitantes. “Isso
quebra a barreira do medo de que pobre não pode estudar porque não
consegue chegar à faculdade. Quando eu passei para medicina, transformei
a minha vida, da família e ao meu redor”, ressalta.
Cleison estudou nas mesmas escolas públicas que os seus jovens
conterrâneos. Ele lembra que em sua turma na faculdade tinham seis
bolsistas do Programa Universidade para Todos (ProUni). “Os seis
melhores alunos da turma”, afirma. O esforço lhe rendeu boas
perspectivas.
Atualmente, Cleison trabalha no Programa de Valorização do
Profissional da Atenção Básica (Provab). O programa do Ministério da
Saúde incentiva médicos, enfermeiros e cirurgiões-dentistas a atuar na
atenção básica nos municípios com carência de profissionais em áreas de
extrema pobreza e periferias das regiões metropolitanas.
Enade – O Enade é um dos procedimentos de avaliação
do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes). O exame é
realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira (Inep), autarquia vinculada ao MEC, segundo diretrizes
estabelecidas pela Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior
(Conaes), órgão colegiado de coordenação e supervisão do Sinaes.
O exame avalia o rendimento dos alunos ao ingressar e concluir cursos
de graduação. O exame, que compreende os conteúdos dos cursos em que
estão matriculados, é trienal para cada área do conhecimento. O
indicador é calculado com base na avaliação de desempenho dos
estudantes, corpo docente, infraestrutura da instituição e organização
didático-pedagógica.
Em 2014, foram avaliados 9.963 cursos de 43 áreas do conhecimento, com 396.862 concluintes participantes.
Fonte: Assessoria de Comunicação Social do MEC
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